terça-feira, 14 de junho de 2011

Mídia raramente se preocupa em preservar menores

"Gilson (...) e Wagson (...) estavam acompanhados dos menores J.P.S., 15 anos, F.K.A.G., 14 e A.S.S.G, 17 anos, quando a guarnição da PM chegou e sem resistência, ao serem encontrados com a droga, foram presos e encaminhados para Delegacia, onde disseram qua a droga pertencia ao menor F.K.A.G., que confirmou ser realmente o proprietário." (site Calila Notícias de 12/6, da pequena Conceição do Coité/BA - grifei)

A primeira impressão é que o site cumpriu com rigor as determinações de proteção de crianças e adolescentes do Estatuto (ECA). O adolescente em questão - apontado pela matéria como chefe do tráfico de drogas do local - foi citado apenas por suas iniciais.

Os cuidados com a proteção do garoto, todavia, pararam aí. A reportagem dá tantas pistas sobre quem ele é que, na pequena cidade de 62 mil habitantes, quem não o conhecia, passou a conhecer. São mencionados o bairro onde foi detido, a informação de que mora só com a avó, os nomes completos do pai e da mãe e, na foto colorida onde o menor aparece com uma pequena tarja preta à frente dos olhos, a identificação da cor da camiseta que estava usando.

O tratamento é totalmente o oposto do que temos visto na mídia estadunidense. Acompanhando o caso Ricardo Costa, este blog tem percebido que a regra, nos EUA, é a da máxima proteção às crianças. TVs e jornais escondem não apenas os rostos dos menores, mas também os dos pais, porque os filhos seriam facilmente identificados por quem conhecesse os pais.

Sequer os nomes dos adultos são mencionados nas reportagens, o que, se por um lado torna a reportagem mais abstrata, genérica, por outro preserva completamente a identidade dos menores.
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Cheguei a esta matéria graças à indicação do juiz de Conceição do Coité e blogueiro Gerivaldo Neiva, autor do blog que leva seu nome.

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