quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Twitter, a nova sala de aula de direito

Para quem não é tuiteiro e acompanha nossos principais portais de notícias, a impressão é que o Twitter é uma rede social de desocupados. Reinam, nos tópicos mais comentados, notícias sobre o ídolo teen Justin Bieber, os últimos acontecimentos do Big Brother Brasil e até bobagens como a história da tal Luísa.

Mas o Twitter está longe de ser apenas isso, como provam os professores Guilheme Madeira (@madeiradez), Marco Antonio Araújo (@profmarcoant) e Arthur Trigueiros (@ProfTrigueiros). Eles são professores de cursos preparatórios e começaram a ministrar aulas de direito via Twitter, atendendo a uma demanda tanto de seus alunos, quanto de centenas (ou milhares) de estudantes espalhados pelo país.

As aulas quase sempre são revisões e ocorrem sobretudo nas semanas que antecedem as provas da OAB ou algum concurso público, tanto pelo Twitter, quanto pelo Twitcam, método em que o professor ministra a aula com o auxílio de microfone e câmera.

"Não há ganho financeiro nessas aulas, aqui fala mais alto o sentimento do ensino. Venho de uma família de professores e a internet permitiu ampliar a quantidade de pessoas que posso ajudar". Guilherme Madeira

Embora no Twitter seja difícil precisar o número de internautas que acompanham as aulas, no Twitcam Madeira já atingiu 500 alunos online, à meia-noite, durante a semana. Em uma aula estrategicamente ministrada na véspera de uma prova, Marco Antonio chegou a 1.500 estudantes. A aceitação dos concurseiros pode ser medida também pelo número de seguidores: Madeira já ultrapassou os 23 mil e Marco Antônio caminha rumo aos 19 mil, com aumento significativo a cada semana.

E o que faz um profissional como Madeira, juiz de direito em São Paulo e professor do Mackenzie e do curso Damásio, arrumar ânimo para encarar uma terceira jornada no Twitter? "A internet me permite alcançar pessoas com as quais eu dificilmente teria contato. Por meio desses encontros, consigo me aprimorar, como professor e como pessoa", explicou.

Marco Antonio e Trigueiros comungam da mesma filosofia. Afirmou o primeiro: "é o mínimo que posso fazer pelos meus alunos e por quem não teria condições financeiras de pagar por um curso preparatório e, portanto, não teria aula comigo".

Questionado sobre as dificuldades impostas pela limitação de 140 caracteres, Trigueiros rapidamente encontrou a solução: "com o tempo, vi que a pequena quantidade de caracteres favorece a objetividade, auxiliando, com isso, a rápida compreensão e assimilação do conteúdo. Em suma, vou direto ao ponto".

Para escrever este post, assistimos às aulas de ética de Marco Antonio e Trigueiros e de processo penal de Madeira. Nas três, constatamos a grande interatividade com os alunos, sinal de que o Twitter pode sim ser considerado a mais nova sala de aula virtual dos cursos jurídicos.
_____
Outros professores que também ministram aulas no Twitter: @sigaoflavio, @prof_clever, @wander_garcia, @EmersonMalheiro, @Prof_CRodrigues e @professormazza, este último o recordista absoluto, com mais de 116 mil seguidores.

Nenhum comentário: