segunda-feira, 23 de julho de 2012

Mensalão, o caso da vida de Joaquim Barbosa

Em setembro de 2007 a revista Veja afirmou que "o Brasil nunca teve um ministro como ele" (foto da capa). O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, foi descrito como um trabalhador incansável, vencedor de 112 votações (96 à unanimidade) sobre o recebimento da denúncia do mensalão e dono de uma "linguagem simples e objetiva", o verdadeiro "regente dessa orquestra".

De lá para cá, contudo, a relação entre o relator do mensalão e a imprensa não foi pacífica. O pior momento talvez tenha ocorrido em outubro de 2010, quando o Estadão fotografou-o em um restaurante, com um copo de chopp na mesa, criticando sua presença em eventos festivos enquanto estava de licença médica no Supremo. Isso sem falar no Consultor Jurídico, provavelmente o inimigo número um de Barbosa.

Praticamente tudo de negativo que foi dito sobre o ministro Joaquim Barbosa será deixado de lado pela mídia caso se confirme a expectativa e ele vote pela condenação dos réus mais importantes do mensalão. Nada poderia ser melhor para quem, pouco após o término do julgamento, assumirá a Presidência do STF.

Oriundo do Ministério Público Federal e acostumado a exercer o papel de acusador, Barbosa ganhará as páginas dos jornais e grande destaque nas TVs por ser o prolator do primeiro voto, aquele que deverá servir de parâmetro para as discussões dos demais ministros.

Para a Veja, o mensalão é o "caso mais importante de sua vida de magistrado, e da própria história recente do STF". Concordamos com a primeira parte, mas não com a final. Num tribunal que nos últimos anos julgou temas como as pesquisas com células-tronco, a união estável homoafetiva e a possibilidade de aborto de fetos anencéfalos, o julgamento do mensalão será o caso mais midiático, mas nunca o mais importante.

Dono de um temperamento não muito fácil, o relator só precisa tomar cuidado para não se exasperar no trato com os colegas, pois as discussões - em especial as mais contundentes - serão bem exploradas pela mídia.

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