domingo, 26 de agosto de 2012

Começou a artilharia: Lewandowski é o alvo da vez (parte 1)

Na última quinta-feira, o ministro Ricardo Lewandowski (foto), revisor da Ação Penal nº 470 - o processo do mensalão -, terminou a primeira parte de seu voto, concluindo pela absolvição do deputado federal João Paulo Cunha de todas as práticas das quais ele é acusado.

Na véspera, Lewandowski votara pela condenação de Henrique Pizzolato, diretor do Banco do Brasil, e de Marcos Valério e seus dois sócios na agência DNA, surpreendendo os jornalistas. Elogiado de início, transformou-se em alvo preferencial do ataque midiático, substituindo o ministro Dias Toffoli, que ocupava tal posto.

O colunista Ricardo Noblat, por exemplo, passou a tirar sarro do revisor, falando em seu Twitter que ele também tinha uma "verdade processual" diferente para cada assunto que fosse discutir. O Globo criticou até mesmo os adjetivos usados por Lewandowski, enquanto a colunista Miriam Leitão afirmou existir "uma contradição insanável no pensamento" dele.

Sobre a Veja é difícil até comentar. Há tempos que a revista - quando o tema é política - atua como partido político de oposição ao governo federal. Assim, já era esperada uma postura mais beligerante, como se vê nos agressivos comentários de Augusto Nunes, na sua coluna de 25/8, que optamos por nem compartilhar o link.

Os ataques geram resultado. Prova disso é a triste campanha feita contra Lewandowski nas redes sociais, especialmente no Facebook, onde circulam fotos do ministro ao lado de termos como "vergonha" e "vendido", como se a acusação estivesse 100% correta, as teses de defesa fossem todas meramente protelatórias e/ou falsas e os ministros que votarem a favor da absolvição de alguns dos acusados fossem todos "vendidos", para repetir o termo utilizado.

Argumentos técnicos e jurídicos para que? Como bem observado pelo colunista Marcelo Coelho, na Folha de S.Paulo: "pizza haveria se o voto de Lewandowski fosse genérico, nebuloso, sem tocar nos pontos levantados pela acusação. Ao contrário, o que ressaltou até agora, tanto no voto de Joaquim Barbosa quanto no de Lewandowski, foi a minúcia na análise fatual". Fundamentos técnicos pouco valem quando as pessoas já decidiram seu lado antes mesmo de conhecer os argumentos, como se estivessem num Fla X Flu.
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Confira amanhã a segunda parte deste comentário.

Um comentário:

Ricardo Maffeis disse...

Um leitor anônimo deixou o seguinte comentário a este post:

"Bem, aos que acompanham imparcialmente os fatos parece claro: os termos "vergonha" e "vendido" são até brandos pelo mal que causa à sociedade (...). No entanto, tenhamos compaixão, porque todos erramos. Tenhamos compaixão do Ministro, que vendeu a alma ao diabo, dançando sobre a miséria do pais; e deste colunista, cego por razões que só Deus conhece. Todos nós, de uma maneira ou de outra, somos gananciosos e afetamos, neste termo, negativamente a vida de outros. Que Deus tenha compaixão de nós..."

NR: Optei por substituir um trecho que considerei ofensivo por "(...)".